em swahili maria diz-se "mariamu"... por isso o nome do meu blog...

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

in "o gato malhado e a andorinha sinhá"*

"o mundo só vai prestar
para nele se viver
no dia em que a gente ver
um gato maltês casar
com uma alegre andorinha
saindo os dois a voar
o noivo e a sua noivinha
dom gato e dona andorinha."

trova e filosofia de Estevão da Escuna, poeta popular estabelecido no Mercado das Sete Portas, na Bahia


*de Jorge Amado

"Sophia de Mello Breyner Andresen...

... é, sem sombra de dúvida, um dos maiores poetas portugueses contemporâneos – um nome que se transformou, em sinónimo de Poesia e de musa da própria poesia.
Sophia nasceu no Porto, em 1919 (6 de Novembro), no seio de uma família aristocrática. A sua infância e adolescência decorrem entre o Porto e Lisboa, onde cursou Filologia Clássica.
Após o casamento com o advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares, fixa-se em Lisboa, passando a dividir a sua actividade entre a poesia e a actividade cívica, tendo sido notória activista contra o regime de Salazar. A sua poesia ergue-se como a voz da liberdade, especialmente em "O Livro Sexto".
Foi sócia fundadora da "Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos"e a sua intervenção cívica foi uma constante, mesmo após a Revolução de Abril de 1974, tendo sido Deputada à Assembleia Constituinte pelo Partido Socialista.
Profundamente mediterrânica na sua tonalidade, a linguagem poética de Sophia de Mello Breyner denota, para além da sólida cultura clássica da autora e da sua paixão pela cultura grega, a pureza e a transparência da palavra na sua relação da linguagem com as coisas, a luminosidade de um mundo onde intelecto e ritmo se harmonizam na forma melódica, perfeita, do poema.
Luz, verticalidade e magia estão, aliás, sempre presentes na obra de Sophia, quer na obra poética, quer na importante obra para crianças que, inicialmente destinada aos seus cinco filhos, rapidamente se transformou em clássico da literatura infantil em Portugal, marcando sucessivas gerações de jovens leitores com títulos como "O Rapaz de Bronze", "A Fada Oriana" ou "A Menina do Mar". Sophia é ainda tradutora para português de obras de Claudel, Dante, Shakespeare e Eurípedes, tendo sido condecorada pelo governo italiano pela sua tradução de "O Purgatório"."



Retirado daqui: http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/SophiaMBreyner.htm#Biografia

Porque*

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.


* Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

prima ballerina

the leading woman dancer in a ballet company

LISBOA

Lisboa, Cais do Sodré:
Quando chega a noite
Com suas caras fugidias,
Olhos dilatados pelo assombro
Deixamos que a cidade nos invada,
Fantasma a embriagar-nos de luz e côr
Num sonho de mil e uma fantasias,
O desejo cruzando os neons
Em projecções plásticas...
O dealer roubou-me,
Levou-me a alma!
Rai's parta o dealer!
E se depois, ao acordarmos,
Acaso reparamos na escuridão que nos cerca,
No leve restolhar que vem do lúgubre canto,
Somos tomados por uma enorme letargia
Que nos deixa permeáveis
Ao frio da madrugada.
É então que as ratazanas,
Abandonando as trevas,
Ficam estáticas, silenciosas,
A verem-nos ir, equilibrando o passo,
Por entre as sombras e o lixo...
O dealer roubou-me,
Levou-me a alma!
Rai's parta o dealer!
Táxi!
Casal Ventoso, se faz favor!



LISBOA
por entre as sombras e o lixo
[Adolfo Luxúria Canibal / Carlos Fortes]

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

word of the day

solemnity
a trait of dignified seriousness



aqui: http://www.thefreedictionary.com/

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

a Maria, o cabrito e o carro a pedais

lá vem a Maria
miúda engraçada
sorriso matreiro
e face encarnada

brinca o dia inteiro
com os seus amigos

para beber chá
veste o seu vestido
e os sapatos novos...
troca o vestidinho
pelas sapatilhas,
"vamos lá para fora"
as calças de ganga
e a t-shirt gira,

chegam mais amigos
e muitas ideias
"vamos às corridas"

carro a pedais
bem apetrechado
no final da rampa
dá um espectáculo

é hora do lanche,
até p'ró Francisco
é um bom cabrito
muito endiabrado,
mas seu favorito

e ao fim da tarde
chega o avô
vamos passear
todos lá p'ra trás
“vamos viajar”

depois do jantar
vamos p’ró quintal
“hoje vou ser forte,
qualquer desafio
vou ultrapassar”

o resto do ano
gasta-o a estudar
por isso nas férias
só pensa em brincar

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Pára tudo

Não te mexas, por favor.
Tem que estar por aí.
Procura bem. Uma ideia como aquela não se pode perder assim.


Neurónio de loira, só podia dar nisto!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

ensemble

na minha versão favorita,

"a coordinated set of furniture"

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

St-Germain-des-Prés

"St-Germain-des-Prés was originally a little market town formed around the abbey of St. Germain. At that time, it consisted mostly of fields worked by the Benedictine monks. The church, which dates from the era, shelters the tombs of the Merovingians and St. Germain, bishop of Paris. The current building has been reconstructed and added to over the years, starting in 990 after the Norman raids. The abbey gave a piece of its land along the Seine to the University Pré-aux-Clercs.
Marguerite de Valois, Henry IV's first wife, also managed to get a piece of the Pré-aux-Clercs, where she built an enormous mansion overlooking the Seine. She got the land under the condition that the banks of the river would have the name "Malacquis" (ill-gotten) - the name has since been transformed into "Malaquais". Many big statesmen lived here around the end of the 17th century, and their mansions and courtyards are today the seat of many governmental ministries.
After the Revolution, the neighborhood would not come back into style until after the Second World War. Ultimately, it came to be known as a center of intellectualism; the Café de Flore and the Deux Magots were popular hangouts for such minds as Vian, Sartre, and Simone de Beauvoir."


1921, 15 de Outubro

"Passei, há cerca de uma semana, todos os meus diários a M... Estarei um pouco mais livre? Não. Serei ainda capaz de manter uma espécie de diário íntimo? Se pudesse, seria outro esse diário, ou antes vai de hoje em diante esconder-se, deixará de existir. Hardt, por exemplo, que contudo me ocupou relativamente muito, não seria capaz de anotar qualquer coisa acerca dele senão com muita dificuldade. Parece-me ter escrito tudo a seu respeito desde há muito tempo ou, o que vem a dar no mesmo, que saí da existência. Poderia sem dúvida escrever acerca de M... mas não deliberadamente e, aliás, seria muito dirigido contra mim; de acordo com isso deixou de ter necessidade de tomar minunciosamente consciência destas espécies de coisas como outrora, não sou a esse respeito tão esquecido como outrora, sou uma memória que se tornou viva, e é uma das razões da minha insónia."

in "Antologia de páginas íntimas", Franz Kafka

Não resisti...

"O meu emprego é insuportável porque contradiz o meu único desejo e a minha única vocação, a literatura. Como sou apenas literatura e como não quero nem posso ser outra coisa, o meu emprego, não poderá nunca seduzir-me, só poderá pelo contrário destruir-me totalmente."

in "Antologia de páginas íntimas", de Franz Kafka

Não foi por acaso

"De Kafka não tenho nada a dizer, a não ser que é um dos maiores e mais raros escritores deste tempo. E depois, apareceu em primeiro lugar, a técnica escolhida corresponde, nele, a uma necessidade. Se nos mostra a vida perpetuamente perturbada por uma transcendência impossível, é porque acreditava na existência dessa trancendência. Simplesmente, está ela fora do nosso alcance. O seu universo é a um tempo fantástico e rigorosamente verdadeiro."


Jean-Paul Sartre

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Hoje adormeço

... com Maria Callas em Madama Butterfly (Un bel dì vedremo)

Un bel dì, vedremo
levarsi un fil di fumo
sull'estremo confin del mare.
E poi la nave appare.
Poi la nave bianca
entra nel porto,
romba il suo saluto.

Vedi? È venuto!
Io non gli scendo incontro. Io no.
Mi metto là sul ciglio del colle e aspetto,
e aspetto gran tempo
e non mi pesa,
la lunga attesa.

E uscito dalla folla cittadina,
un uomo, un picciol punto
s'avvia per la collina.
Chi sarà? chi sarà?
E come sarà giunto
che dirà? che dirà?
Chiamerà Butterfly dalla lontana.
Io senza dar risposta
me ne starò nascosta
un po' per celia
e un po' per non morire
al primo incontro;
ed egli alquanto in pena
chiamerà, chiamerà:
"Piccina mogliettina,
olezzo di verbena"
i nomi che mi dava al suo venire.

Tutto questo avverrà,
te lo prometto.
Tienti la tua paura,
io con sicura fede l'aspetto.

"A rapariga vodu"

"É feita de retalhos,
tem pele de algodão
e muitos alfinetes coloridos
saídos do coração.
Tem um magnífico par
de olhos em espiral
por si utilizados
para hipnotizar namorados.
Tem muitos zombies diferentes
de que nunca se cansa.
Até tem um zombie
oriundo de França.
Mas sabe que não pode vencer
a sua terrível maldição,
pois se alguém se aproxima dela
perfura-lhe o coração."


in "A Morte Melancólica do Rapaz Ostra & Outras Estórias" de Tim Burton

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Sobre Albert Speer

Albert Speer nasceu em Mannheim a 19 de Março de 1905.
Estudou arquitectura no Instituto de Tecnologia de Munique e no Instituto Berlin-Charlottenburg.
Em 1932 alistou-se no “National Socialist German Workers Party” e, pouco depois, tornou-se membro da “Schutz Staffeinel”, vulgo SS.
Adolf Hitler conheceu-o em Julho de 1933 e concedeu-lhe a tarefa da organização do Rally de Nuremberga, em 1934.
Hitler ficou impressionado com os feitos de Speer e incumbui-lhe diversos trabalhos como a exposição germânica de 1937, em Paris, a “Reich Chancellery” em Berlim e a “Party Palace” em Nuremberga.
Em Fevereiro de 1942, Adolf Hitler designou Speer Ministro do Armamento. Como bom administrador, Speer aumentou consideravelmente a produção de armas de fogo.
Speer confrontou Heinrich Himmler com o argumento da ineficiência dos campos de concentração, preferindo o uso do trabalho escravo em países ocupados. Mais tarde defendeu-se reclamando ter salvo muitas vidas graças à sua política, mas os seus opositores defenderam a falta de eficiência da sua política e a falta de moralidade desta.
No final da II Guerra Mundial Speer foi preso e culpado pelo uso de trabalho escravo nos seus programas. Speer considerou-se culpado e cumpriu uma pena de 25 anos.
Após a sua saída da prisão, em 1966, Speer publicou as suas memórias “Inside the Third Reich” (1970) e “Spandau: The Secret Diaries” (1976).
Albert Speer morreu em 1981.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

"de tudo ao meu amor serei atento"...

As palavras faltam-me,
e ao mesmo tempo saltam-me
Eu quero, eu gostava, eu amava
Eu queria, eu gostaria, eu amaria
Que a vida fosse
(de todo) menos cruel
Eu quero tudo a quem amo
Eu gostaria
de melhor entender
a quem quero
Eu amaria estar sempre presente
E, por isso, na minha memória estás!
Eu amaria voltar a ver-te
Infiitamente perfeito
Mas quero-te, apenas, imperfeito!

Apresento-te...


a Sara, a minha linda sobrinha.

Hergé

"A pseudonym of Georges Remi's initials (G.R.) in reverse (R.G.) - is the creator of the highly popular comic character, Tintin. This famous Belgian artist is often considered to be the most influential European comic artist ever. His "clear line" style was copied by many artists. At a young age, Georges Remi, like so many other Catholic boys, joined the boy scouts - an experience which greatly influenced his personality. In fact, the character Tintin was often compared with the stereotype of a boy scout."


Pratt

"Sometimes I don't want to leave this world of miths anymore and I no longer know where the real world is."
Hugo Pratt

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Bosnia and Herzegovina

The law of 7 October 1977 proclaims that

“it is a human right to decide on the birth of children”

Nunca tinha reparado...

... na beleza de algumas pessoas.


Até que as ouvi falar.